quinta-feira, 29 de agosto de 2013

BOCEJO.

A felicidade que sentia desde o momento que acordou estava sempre sendo consumida pelo cansaço, fadiga, e pelo sono. Um sentimento sempre levava ao outro, a fadiga levava-a ao cansaço que por sua vez ao sono. Eram quase sessenta dias de aconchego. E se sentou para escrever, e transparecer que a vida era frágil. 
Cruzou as pernas, com folhas nas mãos, e pensava "preciso estudar, estou com sono...". Os livros do seu lado direito lembravam as provas que teria no dia seguinte, mas há muito tempo ela já tinha percebido que tudo parecia curto demais e suas prioridades aos poucos e sem perceber, haviam mudado. E os papéis ainda em branco.
- Não posso dormir, não posso dormir!. - Ficou em uma posição menos confortável, para que esquecesse do quanto o cansaço havia consumido a força das suas pernas. 
Parecia ter consumido até o branco dos olhos, que estavam vermelhos como nunca. Era tanta falta de força, que não ligava mais usar o moletom do seu pai para sair, ou se seu cabelo estava tão desajeitado que sua mãe lembrava-a de que era uma dama a cada hora. Infelizmente, estava preocupada com a aparência também, como sempre, e isso não lhe deixava confortável também. 
Não aguentou o peso nos olhos, e caiu na cama. Parecia que tinha envelhecido anos e anos, em apenas uma semana. O tempo passando e prometeu não tocar mais nos livros, e se fosse preciso se atolaria nas notas. Mas precisava descansar. Se juntou a vasta camada de coberta que havia providenciado, estava frio.
Tão tão tão tão tão tão tão cansada, que caiu no choro, como uma criança que não quer parar de brincar para ir pra casa. Mas diferente da criança, ela só queria poder dormir mais de 4hrs por dia. 
Quando sua mãe lhe ligou, ouviu sua voz de choro, e contou que tinha ficado 30hrs sem dormir, entretanto se preocupava com os ataques do coração que a filha tinha, e as tonturas também. 
Mesmo assim, a filha escolheu não faltar na sua aula logo cedo. Era importante ir, adorava as brigas matinas nas aulas de segunda e sexta-feira. 
Ali deitada, percebeu que o cansaço te deixava alguém mais desfavorável, mais propicia a saudade. Estava toda cheia de mimimi, ignorante, grossa, e tudo que seja desagradável. E mesmo chorando de sono, dor de cabeça e o coração parecendo querer sair do peito, pois batia tão forte, olhou para o pé da cama. Um ursinho de pelúcia, foi tudo que viu. Encarou o bichinho, e voltou a data do seu aniversário. 
- Ei, pare de pensar um segundo! E vá dormir. - Diziam suas velhas amigas. Uma encostada a beira de sua cama, e outra apoiada em seu ombro. - Vai ficar pensando nisso, quantas vezes ai dia?.
- Vocês não sabem o que é precisar de algo. - Escondeu sua cabeça entre a coberta, mesmo sabendo que era impossível não ouvir as duas donzelas batendo um papinho.
Estava acontecendo uma leve briga de fatores a sua volta, o cansaço ainda ganhava das lembranças e das senhoritas na borda do colchão. Mas ela sabia que esses bons momentos iriam fazer com que ela dormisse melhor. Há mais de sessenta dias atrás, ela tinha pedido um tempo, arrego da vida. Agora só quer viver com ela.  O problema lhe levava para casa todos os dias, e a abraçava na porta, e sem perceber entrava escondido na bagagem, entrando em seu quarto. Agora ela abraçava aquele ursinho, com o cheiro que a vida tinha, o cheiro que significava uma vida cheia de frio na barriga. Já tinha esquecido completamente da bagagem desnecessária. Os olhos fecharam.
- Com ou sem você, te esperei a noite inteira. - Pensou. Puxou o ursinho para perto de si. 
Tantas formas de dormir e a moça vai dormir chorando e sorrindo.

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