Em um tempo não tão distante ao que se encontra agora, lembrou do dia em que começou a ler tal blog. O nome era engraçado, e refletia totalmente os pensamentos daquele jovem. Porém, nem sequer por um minuto passou em sua mente, sobre o que falaria aquela página. Não sabia nem quando, nem porquê havia sido criada. Mas de longe sabia que havia inspirado alguém a criá-lo, que pelo menos seus textos serviram de inspiração à alguém que já gostava de ler.
Ainda lembro de cada minúsculo detalhe, e isso soa assustador até para essa pessoa que vos fala.
Abriu o blog, analisou o título, e que surpresa... Já havia um grande número de publicações. Levantou-se, estava relativamente frio, e foi até a cozinha buscar uma xícara de qualquer coisa quente pra tomar. Não lembrando-se ao certo onde estava o café instantâneo. Quando voltou, estava preparada para ler uma sequencia de textos. Preparada para qualquer tipo de leitura, afinal já havia gostado de que seu recente amigo tinha criado um blog.
Enquanto lia, deixou sua xícara de lado, pois parecia que algo já estava esquentando seu interior. A leitura estava invadindo seus olhos arregalados, e seu corpo inclinava-se para perto da tela, suas mãos em seu rosto, como se estivesse escondendo-se de si mesma. "Meu Deus...", seus olhos nem se quer piscavam enquanto rolava a página. Suas pernas pareciam pular com vida própria, mas suas mãos seguravam seus joelhos, como repressão à alegria instantânea não permitida pela garota.
Mesmo parecendo que não passavam nunca, os dias iam. Aconteceram coisas que ela parecia negar dar atenção, como se nada estivesse acontecendo. Fria, talvez demais. Mas ela sabia que no fim do dia, leria todas aquelas palavras novamente, pois todos os dias esperava ansiosamente por um texto novo, mas infelizmente não sabia se isso era algo relevante, bom ou não.
E cada vez que lia, era como se as palavras fossem-a demolindo. Era terrível perceber que alguém lhe conhecia tão bem, sem nem se quer manterem uma conversa maior que poucas horas.
Aquele que odiava escrever sobre seus sentimentos. E ela que preferia escrever, e evitar sentir. Pouco a pouco, sendo derrubada, levada ao chão.
Toda manhã, acordava com palavras enforcando-a, mas fingia não sentir nada. Não deixava que ninguém percebesse nada. Mas o certo dono do blog, parecia estar invadindo seus olhos sem permissão, por mais que ela negasse todos os dias, escondesse no fundo dos olhos... Ele estava lá para lembrá-la de que ele conseguia ver tudo que escondia, que estava errada sobre sua percepção. E logo, não via a hora de amanhecer para sentir aquela dor na garganta, mesmo que fosse só pra perceber com sua visão periférica que ele ficara olhando a aula inteira em sua direção. Ele andava rápido, e quando era a hora da saída, quase sumia... Muitas vezes foi acompanhando sua velocidade, com seus amigos lhe perguntando porque estava correndo tanto, qualquer desculpa bastava para que andassem rápido também. Só para poder observa-lo nos últimos minutos que restaram.
Todas as noites, lia sem parar. Era como se ele soubesse descrever o que ela nunca soube argumentar.
Foi quando percebeu que suas paredes de defesa haviam caído totalmente, quando ele abraçava-a sem motivo.
Agradeço por me livrar do meu próprio vazio. Por me deixar preencher os seus.
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