quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Monalisa, quem?.

Meu lado egocêntrico sente muito em te rejeitar, por incrível que pareça. Se estava esperando uma carta de despedida para que te mandasse embora de um lugar que jamais esteve, meu lado sentimental não se sente culpado.
E o céu amanhecei roxo, você reparou. Por que está amanhecendo? O contrário, sempre pedi para ver o sol se pôr. A tarde faz esquecer a manhã, lembre a noite.
Agora, torcendo para não receber mais aquelas ligações de manhã, e se perguntando por que tão longe e não esquece?. Não pergunte a ela o que está dizendo ou fazendo, faz parte das linhas imensas que o destino traçou entre os dois, assim como todos esses pontos finais... Acabou naquele avião. Meus ouvidos ainda lembram daquele som, o barulho do vento no vigésimo andar. As piadas. "Monalisa". Era como se me pintasse todos os dias, em qualquer papel. Bastava que ficasse quieta observando alguma coisa, que me transformava em um cenário, inspirando um desenho. A cada segundo "o que está fazendo?", todos os dias segurando-me até escurecer. O sol ia embora, era sinal de que poderia ir também, mas mesmo assim não me soltava. Todos os dias, com certeza, aparecia um papel surpresa dentro do meu livro, no meio dos meus desenhos e mala. Meus fadigados bocejos inspiravam uns acordes no violão, "eu vou tocar para você dormir". E sorria. Naquela sacada, a mais alta que já subi, as nuvens brancas e aquelas cores, quantas torres, eu sabia que aquilo inspiraria meu amor por construir coisas. Sinceramente lhe agradeço por me fazer lembrar, desenterrar esse amor por empilhar blocos.
"Monalisa, algum dia você vai fazer algo muito mais grandioso que todas essas torres". Era a torcida da tal Monalisa. Todo aquele senso de humor fora de hora. Não tinha como parar tudo aquilo. Parou, e parou como se tudo parasse de uma vez só. Tenho medo de dizer tudo isso agora, mas parou!. O tempo se encarregou de embargar essa obra que você vivia alimentando, o próprio tempo o levou.
Acredite, eu me pergunto qual o sentido de querer voltar a estaca zero. Nem me lembro mais onde estão seus desenhos. Não quero lembrar, sinceramente acho que foram pro lixo. Aliás sempre achei tudo muito doentio, desde que achei aquele papel escrito "todos te querendo e você aí querendo aquele".
Esses dias me perguntou "Ainda tem o desenho daquele edifício que pensamos juntos, no seu aniversário?". Longe dali, minha mente só pensava que aquele desenho tinha sido o melhor da minha vida, com tudo projetado. Logo a resposta "não" veio a tona. Era como se tivesse parado de me alimentar a muito tempo daquilo. Era bom que você parasse também. Chega de pintar-me, chega da tal "Monalisa", chega dessas lembranças que não servem pra nada. Então não volte, fique exatamente onde está, longe, outra língua, outras pessoas. Conheça outra Monalisa. Já arrumei um pintor/projetista melhor, acredite que estou bem mais feliz do que jamais estive. Eu peço desculpa por estar fazendo isso. Somente. Antes que eu peça pelo amor de Deus que mude seu foco para onde está vivendo. E se voltar, nem precisa me avisar, só esquece. Só. Esse é o único jeito de evitar um diálogo, e parar exatamente como quero.

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