E nasceu a vergonha em seu rosto. Seu sorriso estava tomando conta de minha tela, do meu escritório. E eu estava me odiando por isso. Transparecendo todo meu ódio pelos sorrisos que não conseguia negar à você. E saberia que no dia seguinte seria assim, na verdade, talvez uma versão piorada...
E lá vai a pequena criança ficar pensando sempre no amanhã, e esquecendo que "agora não dá". Teve que aguentar uma aula de filosofia pesada, onde o professor insistia em provar-lhe que os espertos vivem agora, e não se lamentam na repercussão futura. Por um momento parou de ouvi-lo, e pensar se realmente estava certo, "será? mesmo?" era tudo que se perguntava o dia inteiro.
A esse ponto, a culpa já tomava seu corpo inteiro, desde seu cabelos até o ultimo metro quadrado de pele. Não tinha como voltar atrás, era tarde e sabia disso melhor que ninguém. Sair machucada era inevitável, dos dois lados que tentasse correr, "o seguro" e o "agora" já não eram a melhor saída. Então, conversando consigo mesma chegou a uma conclusão, parar de correr, nem par a esquerda nem para a direita. Nem para o seguro, nem para o presente.
Seus pés paravam de correr, mas sua mente não. Já estava perdida mesmo, seu cansaço mental não aumentaria.
E como uma onda forte nas costas, deixou que a levasse, que a carregasse e decidiu abandonar suas pernas. "Que elas me levem, pra algum lugar que jamais corri", se arrependeu dessa decisão, mas a onda já havia lhe acertado em cheio. Adormeceram-se as pernas, adormeceu-se a mente e cada metro quadrado de sua pele antes culpada, agora parecia querer fazer parte da água que a transportava.
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