Sua consciência veio assombrá-la de novo nesta noite. Disse que seria melhor se livrar da culpa que carregava dentro dos bolsos, estavam começando a pesar e não faria bem. "Está dormindo tão tranquila minha criança, anda dormindo e sorrindo ao mesmo tempo, talvez tenha parado de ouvir sua cabeça né?". Balançou a cabeça como quem quer dizer que não. Só quis que ela fosse embora, falar com sua consciência agora era mau negócio. Já estava bem escuro, e ainda pretendia dormir.
Deitada ali, seus olhos pareciam estar em outro lugar, olhavam para o teto, mas não era isso que enxergavam. Ficou um bom tempo sem pensar nada, só com uma imagem em sua cabeça. Nada mais estava perdido, o céu sem estrelas lá fora, e as luzes da cidade estavam lhe acenando, sorrindo. Cada passo que dava pela casa, tinha vontade de voltar algumas horas em seu dia, tentava esconder seu sorriso para que ninguém lhe perguntasse nada. Pois foram seus sorrisos que atraíram a visita de sua antiga amiga, que achava mandar em tudo que tinha que fazer.
Sua gripe piorava quando a noite chegava, mas isso não a impediu de ir até a sacada, sentar-se naquele banco de madeira repleto de vasos de flores. Tinha chovido em seus abismos também.
Desejou que todos sumissem do mundo, para poder andar nas ruas, em plenas 6:40hrs da manhã. Subindo em prédios altos, pontes. Fechou os olhos para ouvir o barulho da chuva. O cheiro de asfalto molhado se misturou com o cheiro que estava em sua roupa.
E mesmo ali congelando de frio, sua vontade de gritar para desatar todos os nós internos te trouxeram a apreciação pelo vento gelado. Lembrou de algumas palavras, sorriu. Lembrou também que sua consciência estava errada, o que carregava nos bolsos era seu medo, jamais seria culpa. Mas era esse medo que estava mantendo-a salva dos outros medos, então estava tudo bem. Seus olhos fecharam lentamente, logo teria que acordar novamente.
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